terça-feira, 6 de abril de 2021

Crônica: Banco de praça

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A meia noite de sábado acordei sentindo um frio tomar conta de meu corpo, tudo parecia gélido e cansado, calcei meus sapatos e me retirei do quarto, em passos lentos e preguiçosos sentei-me na varanda, observando o céu escuro, a chuva que caía era intensa, tão intensa como meus problemas. Ali sentado vi o dia amanhecer, o sol raiou, como todos falam, depois da tempestade sempre vem o sol, sair da varanda indo até o quarto um pouco desorganizado, me troquei encontrando a primeira roupa limpa que vi em meu armário, sair de casa e caminhei observando o céu azul que brilhava mais que tudo, um brilho tão intenso e forte que nem parecia que ainda são 7:00hrs da manhã. Sentei em um banco qualquer da praça observando algumas pessoas que passam apressados para o trabalho, jovens sonolentos tentando reafirmar seu falso entusiasmo logo cedo, observei um senhor de idade, com um semblante carregado, olhando para um ponto em específico, eu o conhecia de vista, ele sempre foi assim, solitário, como eu, sozinho, fechado em seus pensamentos, preso em seu próprio mundo, ele não parece ter medo da solidão, parece ter aceitado como uma companhia.
 Observei mais uma vez o senhor e ele agora parecia sorri, como se soubesse o que eu estava pensando, talvez esteja, talvez sinta, assim como ele já foi em sua juventude, eu estou sendo agora, sozinho, tentando lutar contra isso, nadando contra a minha própria correnteza, acabei cansando e parando na praça de sempre, envolvido com minha própria presença, em minha própria solidão, em meu próprio mundo. Acabei sendo pego de surpresa ao vê o senhor caminhar até mim em passos cautelosos, sem dizer nada sentou-se ao meu lado me encarando, eu mantive meu olhar no senhor de cabelos brancos e olhos negros.

— Sempre foi assim?

Perguntei na esperança de está enganado sobre o meu futuro, está enganado sobre o passado do mais velho, eu naquele momento só queria está enganado, em um suspiro longo o senhor encarou novamente um ponto fixo.

— Não, eu já vivi, já me apaixonei, já sofri e hoje estou aqui, nem tudo que aconteceu se foi, mas tudo de importante acabou, só me resta na memória... Me faltou coragem, não me declarei para a pessoa que amava, não lutei pelo amor e agora estou aqui, sozinho... Então eu lhe digo, se sente algo por alguém, fale, grite aos quatro ventos, mesmo que não seja correspondido, melhor fazer do que ficar com a dúvida de como seria se tivesse tentado.

Eu podia sentir a culpa do homem, em cada palavra, carregada de dor e sentimentos reprimidos por anos, naquela manhã continuei o meu caminho, mas antes de voltar para casa, desviei parando em uma rua conhecida por mim, naquela manhã eu seguir o conselho dele, fui atrás de quem fazia meu coração palpitar mais forte, criei coragem e a convidei para sair, agora eu teria um encontro para mais tarde, não deixe para trás o que te faz sentir-se vivo, melhor tentar e falhar, do que ficar com a dúvida de como seria se tivesse tentado.

Crônica autoral: Iasmin Santos de Jesus;
Twitter: @IASMIN__SANTOS;
Facebook: Iasmin Santos;
Instagram: @ias.sa


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