terça-feira, 13 de abril de 2021

CRÔNICA: DESPERTAR NORDESTINO

              Fonte: Pinterest

Em um mundo ao avesso, onde o real é contraditório e a mentira se torna verdade, pensamos muitas vezes está em uma realidade alternativa. Mais um dia corriqueiro, comum e intenso como os outros, minhas energias estavam esgotadas, trabalhar de cobrador em um ônibus na grande cidade de São Paulo, não é para amadores, mais um turno realizado com éxito, era isso que eu pensava ao descer do ônibus, mas minhas conclusões estavam precipitadas, de longe avistei um rapaz, parecia alterado por algum tipo de substância, tentei ignorar, mas o rapaz caminhou até mim pedindo por dinheiro, logo eu, um simples cobrador em mais um final de dia, havia me mudado do nordeste para São Paulo em busca de um futuro melhor, mas em cidade grande já havia percebido, que pobre, negro, nordestino, é meio que invisível.

— Eu não tenho, se tivesse estaria em suas mãos, ainda digo mais, não tô tendo nem para o pão.

Concluir minha fala enquanto o olhava diretamente nós olhos, não tinha porque me intimidar, já tinha visto de tudo, era cada coisa estranha, já havia me acostumado, não tinha porque eu temer, nordestino arretado, que passou fome e lutou contra a sede, não se dá por vencido facilmente. Olhei para o indivíduo e em um ato que me passou despercebido, uma faca foi sacada, como se fosse uma arma, sentir entrar em mim e a dor foi um ato fatal, acabei caindo e aquilo foi mais um destino selado, um pobre, nordestino arretado, foi de fato arrebatado, para sua alma descansar, de tantos calos nas mãos, trabalhando feito cão, de sol a sol, marcado, tendo seu corpo estirado, como um Zé ninguém ou mais um Francisco, ninguém sabe quem.

Mais uma crônica inspirada na grande Clarice Lispector, para quem leu o livro “A hora da estrela”, verá uma semelhança no desenrolar da história. Quem gostou comenta, segue e compartilha!

Escrito por: Iasmin Santos de Jesus;
Facebook: Iasmin Santos;
Instagram: @ias.sa


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